segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Ju Romano: a blogueira que quebra os padrões de beleza

Por Larissa Gomes



Fã assumida de maquiagem, a jornalista é um exemplo de empoderamento feminino. É autora de um blog de sucesso, o "Ju Romano - Entre Topetes e Vinis", e acumula mais de 50 mil seguidores no Instagram. Seus looks são exemplos vivos de diversidade e inspiram as mulheres a não ter medo nem vergonha de assumir as curvas e a moda sem regras. Conheça melhor essa garota superpoderosa na entrevista a seguir.



"A partir do momento em que você se liberta, as únicas regras que fazem sentido são as do seu gosto", diz a jornalista Juliana Romano, ou apenas Ju, sobre os padrões de beleza. Como ela mesmo se define, é uma gordinha de pernas curtas e cílios longos. Repórter de beleza, adora maquiagem e é uma camaleoa. "A maquiagem é como minhas roupas. Representa o meu humor no dia". Com cabelos coloridos (às vezes platinados, às vezes cinzas ou azuis), ela esbanja personalidade. Autora do blog "Ju Romano - Entre Topetes e Vinis", que criou em 2009, mostra por lá looks de modelagem 46, 48 e 50. Não teve vergonha de expor suas curvas em um ensaio sobre mulheres reais feito pela revista "Elle" na edição de maio. Detalhe: sem retoques. "Foi um passo à frente na questão da diversidade", diz. Em entrevista ao Adoro Maquiagem, Ju compartilha seus pensamentos sobre os padrões da moda e da beleza e seu processo de aceitação do próprio corpo. Ao terminar de ler, você provavelmente também se sentirá inspirada a ser feliz com as formas que tem. É um respiro de alívio. Confira:



Adoro Maquiagem: Você acha que o mundo da moda avançou em relação à diversidade?

Juliana Romano: Acho que muita coisa melhorou. Há alguns anos, era impensável ter mulheres plus size em revistas de moda, muito menos em revistas importantes como a "Elle". Na Itália, existe uma "Vogue" segmentada dedicada às mulheres mais curvilíneas, outra dedicada às negras. Acho que o processo de mudança é demorado, mas existem muitos movimentos a favor da diversidade estética que acabam impulsionando a moda. Aqui no Brasil, 50% da população está acima do peso, isso significa que metade das pessoas têm o armário defasado. E essas pessoas precisam se vestir! Em 6 anos de blog, vejo muita evolução, principalmente no mercado plus size que é o que acompanho de perto. Vejo as marcas se dedicando e pensando realmente na mulher grande que quer ser fashion, e não na que quer se esconder.


Adoro Maquiagem: Em seu blog, você faz postagens com a hashtag #agordaeamagra. São fotos suas ao lado de mulheres magras usando o mesmo tipo de roupa. Na moda, há muitas regras, certo? O que acha disso?

JR:Acho uma besteira sem tamanho porque, no fundo, essas regras seguem apenas uma regra geral: "pareça mais magra". O que dizem que fica melhor para um corpo x ou y é, na verdade, a peça que deixa aquele corpo com uma aparência mais magra. Isso faz sentido quando estamos inseridas na ditadura da magreza, mas a partir do momento em que você se liberta, as únicas regras que fazem sentido são as do seu gosto. O que você acha que fica bom no seu corpo, o que se sente confortável usando, como se sente bonita etc. Esse sentimento é um risco para a indústria como um todo. A partir do momento em que você coloca rédeas na mulher, consegue direcionar o consumo. Quando essas regras deixam de existir, a decisão de consumir e o quê consumir é dela.



Adoro Maquiagem: Você estampou as páginas da revista "Elle" mostrando detalhes do seu corpo, sem retoques. Como foi a repercussão? Como foi participar dessa campanha?

JR: A repercussão foi ótima! Li muitos comentários positivos. Muitas mulheres se sentiram representadas e outras, pela primeira vez, se sentiram normais. Claro que teve quem ficou superchocada, afinal a gordura é uma coisa que a gente não está acostumada a ver em revistas ou em ensaios de moda, mas foram poucas. O ensaio foi um passo à frente na questão da diversidade e vários tipos de mulheres estavam representadas. Para mim, foi como encerrar um ciclo. Luto há seis anos pela aceitação do corpo gordo, pela quebra dos padrões, pela moda democrática. Finalmente ser reconhecida como um símbolo de beleza, entre outros tantos, é o objetivo final dessa luta. Acho que não temos de ter um ideal de beleza, mas temos de reconhecer beleza em todos os corpos e, para mim, esse ensaio era isso. Quando você tem um dos maiores veículos de moda internacional lutando ao seu lado, essa luta toma novas proporções.


Adoro Maquiagem: Como você vê o mercado plus size atualmente?

JR: Vejo uma evolução muito grande, mas ao mesmo tempo em que algumas marcas fazem coisas incríveis, outras ainda estão atrasadas. Acho que a gente está bem no meio do caminho entre o que era horrível e o que um dia será incrível. Outra coisa que sinto é que ainda é muito segregado, algumas lojas têm tamanhos grandes, outras não, o que deixa ainda mais de lado as mulheres gordas.


Adoro Maquiagem: Na área da beleza você vê avanços ou ainda há um padrão?

JR: Legal essa pergunta! Trabalho como repórter de beleza há sete anos e sempre reparei que essa área é muito mais democrática do que a moda, sem um preconceito tão forte. Vejo as meninas com o cabelo afro se aceitando e uma série de produtos são lançados para que elas cuidem de seus fios. Vejo marcas lançando bases para a pele negra. Acho que existe aquele velho padrão, mas sinto que cada vez mais, e mais rápido, as marcas estão se desvencilhando disso e procurando mulheres mais "reais". Entre aspas porque as mulheres que estão dentro do padrão também são reais, claro.



Adoro Maquiagem: Você já afirmou que fez várias dietas no passado. Quando deu esse clique de que você deveria se assumir e procurar valorizar a sua beleza

JR: Não tive um clique. Sempre digo que não é possível acordar se achando maravilhosa, isso não acontece. Aos poucos, fui percebendo que cada pessoa tem a sua beleza e que uma não é melhor do que a outra. Percebi que as pessoas gostam de coisas diferentes e que eu era diferente, e era ótima também. Fiz terapia, que recomendo para todo mundo, onde aprendi a questionar meus sentimentos mais primitivos. E entrei na faculdade de jornalismo, onde aprendi a questionar o sentimento que tinha em relação à sociedade e vice-versa. Fazendo esses questionamentos, consegui excluir vários sentimentos irracionais que tinha em relação ao meu corpo e passei a racionalizar a relação entre corpo e sociedade. Como consequência, obviamente, percebi que o corpo na sociedade é uma maneira de manter a mulher sob rédeas machistas, dominadoras, sem contar que ela fica infeliz - e isso gera muito dinheiro. Não quero acabar com o sistema econômico em que a gente vive, mas ganho e gasto mais quando estou feliz, e não triste. Penso que, de fato, esse pensamento é muito atrasado. E foi assim que comecei a me enxergar de outro jeito e a lutar para que outras mulheres também se vissem de outra maneira.


Adoro maquiagem: O que mudou no seu jeito de pensar sobre o corpo e a beleza

JR: O que mudou? Eu era limitadíssima, achava que a pessoa só seria bonita se fosse de um jeito apenas. Depois descobri que, na verdade, a mesma pessoa pode ser bonita de vários jeitos. E percebi que beleza é absolutamente relativa. Eu mesma não acho bonito o padrão de beleza que eu acreditava ser o ideal, mas nunca tinha parado para me questionar. Eu já fui magra e acho meu corpo mais bonito hoje. Na época, eu nem parava para pensar sobre isso, só achava que deveria ser magra. Hoje, com a maturidade, vejo que a estética tem a importância que a gente dá para ela. Tem gente que acho feia, mas se acha linda e está por aí abafando. Em compensação tem gente que acho linda e a pessoa não consegue se ver bonita. Mas o que eu acho bonito ou feio é problema meu e de mais ninguém, assim como o que os outros acham de mim é problema deles, e não meu.



Adoro Maquiagem: Que tipo de mensagem você quer passar para outras mulheres?

JR: A mensagem que quero passar é: você é linda e pode ser como você quiser, sem ter que mudar para agradar aos outros. Vejo muitas mulheres que perdem o melhor da vida se esforçando para se encaixar e acabam nunca sendo elas mesmas, nunca se permitindo ser o que elas têm vontade, sendo sempre escravas das expectativas dos outros. Acho isso uma tristeza!


Adoro Maquiagem: Você acredita que a maquiagem é um acessório que colabora para a autoestima feminina?

JR: Eu amo maquiagem! Não vivo sem! Já ouvi todo tipo de discurso dizendo que maquiagem esconde nosso verdadeiro rosto e blá blá blá. Mas, para ser sincera, a maquiagem para mim é como minhas roupas: representa o meu humor no dia. Me sinto mais "eu" usando maquiagem porque posso brincar com as cores e transbordar um pouco de todo o sentimento que tenho aqui dentro. E acho que o make ajuda, sim, a levantar a autoestima, porque é o momento que você tem consigo mesma, em que você se olha, percebe e enaltece os pontos de que gosta. Sou muito a favor. Se você quiser valorizar a beleza natural, também rola. Sou a favor da mulher usar o que tiver vontade. (Nós também! Confira aqui)


Adoro Maquiagem: O que falta ainda para as mulheres fora dos padrões se assumirem definitivamente?

JR: Esse movimento de aceitação é relativamente recente. Muitas mulheres ainda não foram atingidas por ele. Mas acredito que a informação tem muito poder. Entrevistas como esta e blogs grandes e influentes espalhando essa mensagem são superimportantes. A mulher não sabe que quem é dona do seu corpo é ela, e não o marido ou os pais. Quanto mais gente espalha essa mensagem, mais força as mulheres ganham para ter autonomia e se sentir lindas como são.


Fonte: Natura

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